Entenda como gatilhos mentais e vieses cognitivos influenciam a decisão de compra. Aplique princípios da psicologia para otimizar suas páginas e funis.
- A Conexão Intrínseca entre Mente Humana e Decisões de Compra
- Vieses Cognitivos: Os Atalhos Mentais que Impulsionam a Ação
- Gatilhos Mentais Essenciais para a Otimização de Conversão
- O Design da Persuasão: Aplicando a Psicologia ao UX/UI
- Análise de Tendência para 2026: A Evolução da Persuasão Ética
- Estudo de Caso Prático: Aumentando a Geração de Leads em um SaaS B2B
- Transforme Entendimento em Ação Estratégica
A Conexão Intrínseca entre Mente Humana e Decisões de Compra
No universo digital, cada clique, rolagem e preenchimento de formulário é o resultado de um complexo processo de decisão humana. Para dominar a arte e a ciência da Otimização de Conversão (CRO), é imperativo ir além das métricas superficiais e mergulhar nas profundezas da psicologia do consumidor. Compreender o “porquê” por trás do comportamento do usuário é o que distingue uma estratégia de otimização medíocre de uma verdadeiramente transformadora.
A base dessa compreensão reside no trabalho de economistas comportamentais como Daniel Kahneman, laureado com o Prêmio Nobel, que popularizou o conceito de dois sistemas de pensamento que governam nossas ações. O Sistema 1 é rápido, intuitivo, emocional e automático. Ele opera com pouco ou nenhum esforço e sem senso de controle voluntário. É o sistema que reconhece um rosto familiar ou reage a um som alto. O Sistema 2, por outro lado, é lento, deliberativo, lógico e exige esforço. É ativado quando resolvemos um problema matemático complexo ou comparamos as especificações técnicas de dois produtos.
A grande maioria das interações online é processada pelo Sistema 1. O usuário médio não analisa cada elemento de uma página com o rigor do Sistema 2. Em vez disso, ele faz julgamentos rápidos e subconscientes baseados em heurísticas e impressões imediatas. Uma página visualmente poluída, um texto confuso ou um processo de checkout complicado geram uma carga cognitiva que o Sistema 1 rejeita, levando ao abandono. Portanto, uma excelente estratégia de Otimização de Conversão foca em criar experiências fluidas, intuitivas e que dialoguem diretamente com este sistema rápido e instintivo.
A Arquitetura da Escolha no Ambiente Digital
O conceito de “Arquitetura da Escolha”, popularizado por Richard Thaler e Cass Sunstein, postula que a forma como as opções são apresentadas influencia significativamente a decisão final. Não se trata de restringir a escolha, mas de projetar o contexto em que a escolha é feita para guiar suavemente (ou “dar um empurrãozinho”, o famoso nudge) o usuário em direção a uma ação benéfica, tanto para ele quanto para o negócio.
No design de interfaces, isso se traduz em inúmeras práticas. Destacar um plano de preços como “O Mais Popular” não apenas fornece prova social, mas também serve como um ponto de partida padrão, simplificando a decisão para o usuário. Pré-selecionar uma opção de consentimento para receber newsletters ou configurar um produto com as opções mais comuns são outros exemplos. A chave é tornar o caminho de menor resistência o caminho que leva à conversão desejada, sem remover a autonomia do usuário. Uma boa arquitetura da escolha reduz o atrito e a paralisia da análise, facilitando a jornada do cliente.
O Cérebro Trino e sua Relevância para o CRO
Outro modelo psicológico útil é o do Cérebro Trino, proposto por Paul D. MacLean. Embora seja uma simplificação, ele oferece um framework prático para entender as motivações do consumidor. O modelo divide o cérebro em três partes evolutivas:
- Cérebro Reptiliano (ou Complexo-R): A parte mais antiga e instintiva, focada em sobrevivência, segurança, dominância e reprodução. Ele é visual, egocêntrico e reage a estímulos de alto contraste como perigo/segurança, dor/prazer. No CRO, falamos com o cérebro reptiliano através de mensagens claras sobre segurança (selos de segurança, garantias), escassez (que ameaça a posse) e benefícios tangíveis e egoístas (“O que eu ganho com isso?”).
- Cérebro Límbico (ou Mamífero): Responsável pelas emoções, memórias e relações sociais. É aqui que a confiança e a lealdade são formadas. Para engajar o cérebro límbico, utilizamos depoimentos, histórias de sucesso (storytelling), imagens de pessoas felizes usando o produto e construímos um senso de comunidade. A prova social é uma ferramenta poderosa que fala diretamente a essa parte do cérebro.
- Neocórtex: A parte mais evoluída, responsável pelo pensamento racional, linguagem e planejamento. Ele busca lógica, dados e justificativas. Para satisfazer o neocórtex, fornecemos especificações técnicas detalhadas, comparativos de produtos, whitepapers e argumentos bem estruturados. Contudo, é crucial entender que o neocórtex frequentemente atua para racionalizar uma decisão que já foi tomada emocionalmente pelo cérebro límbico e instintivamente pelo reptiliano.
Uma estratégia de Otimização de Conversão eficaz harmoniza a comunicação para atender às três partes do cérebro. A proposta de valor deve ser instantaneamente compreendida pelo cérebro reptiliano, a confiança deve ser construída com o cérebro límbico e a decisão deve ser justificada com dados para o neocórtex.
Vieses Cognitivos: Os Atalhos Mentais que Impulsionam a Ação
Vieses cognitivos são desvios sistemáticos no julgamento que ocorrem em situações específicas, levando a percepções distorcidas, julgamentos imprecisos ou interpretações ilógicas. São, essencialmente, atalhos mentais (heurísticas) que o nosso cérebro utiliza para economizar energia e tomar decisões mais rapidamente. Conhecer e aplicar eticamente esses vieses é uma das táticas mais poderosas na Otimização de Conversão.
Esses atalhos são resquícios de nossa evolução, projetados para nos ajudar a sobreviver em um mundo com informações limitadas e tempo escasso para decidir. No ambiente digital, onde a sobrecarga de informações é a norma, esses vieses são ativados constantemente. Para um profissional de CRO, eles são alavancas que, quando acionadas corretamente, podem guiar o comportamento do usuário de forma previsível. Para um panorama completo, a lista de vieses cognitivos compilada por fontes como a Visual Capitalist é uma leitura fundamental.
Viés de Ancoragem: O Poder da Primeira Informação
O viés de ancoragem descreve a tendência humana de confiar excessivamente na primeira informação recebida (a “âncora”) ao tomar decisões. Uma vez que a âncora é estabelecida, os julgamentos subsequentes são feitos em relação a ela. Em e-commerce, a aplicação mais comum é exibir o preço original, mais alto, riscado ao lado do preço promocional. O preço original serve como âncora, fazendo com que o preço de venda pareça muito mais atraente do que pareceria isoladamente.
Outra aplicação sofisticada é na apresentação de planos de assinatura. Ao exibir o plano mais caro primeiro (à esquerda, onde a leitura ocidental começa), ele ancora a percepção de valor. Os planos subsequentes, mesmo que ainda caros, parecerão mais razoáveis em comparação. A ordem de apresentação dos produtos, a primeira informação em uma descrição ou o primeiro número que um usuário vê podem todos atuar como âncoras poderosas, moldando a percepção de valor e influenciando a decisão de compra.
Efeito de Enquadramento (Framing Effect): Como o Contexto Modela a Percepção
O efeito de enquadramento demonstra que a forma como uma informação é apresentada (o “quadro”) afeta a maneira como ela é interpretada e a decisão que é tomada. As pessoas reagem de maneira diferente a uma escolha dependendo se ela é apresentada em termos de ganhos ou perdas. Por exemplo, um iogurte descrito como “90% livre de gordura” é percebido de forma muito mais positiva do que um descrito como “contém 10% de gordura”, embora a informação seja idêntica.
Na Otimização de Conversão, o enquadramento é usado para destacar os benefícios e minimizar os pontos negativos. Um CTA pode ser enquadrado em termos de ganho (“Ganhe acesso instantâneo”) em vez de custo (“Compre agora”). O frete pode ser enquadrado como um bônus (“Frete Grátis”) em vez de uma ausência de custo. O cancelamento de uma assinatura pode ser enquadrado em termos de perda (“Você perderá acesso a X, Y e Z”) para aumentar a retenção. O enquadramento cuidadoso da sua proposta de valor, dos seus preços e dos seus CTAs pode alterar drasticamente a taxa de conversão.
Aversão à Perda e o Medo de Ficar de Fora (FOMO)
A aversão à perda é um dos princípios mais fortes da economia comportamental. Psicologicamente, a dor de perder algo é cerca de duas vezes mais poderosa do que o prazer de ganhar algo equivalente. As pessoas estão mais motivadas a evitar uma perda do que a obter um ganho. Este viés é o motor por trás do famoso FOMO (Fear Of Missing Out), ou medo de ficar de fora.
Estratégias de Otimização de Conversão exploram a aversão à perda de várias maneiras para criar um senso de urgência e escassez. Exemplos clássicos incluem:
- Contadores Regressivos: “Esta oferta termina em 01:23:45”. Isso cria uma janela de tempo limitada para a ação, ativando o medo de perder a oportunidade.
- Notificações de Estoque Baixo: “Apenas 2 itens restantes em estoque!”. Isso sugere que o produto é desejado (prova social) e que a oportunidade de comprá-lo pode desaparecer.
- Vagas Limitadas: “Apenas 10 vagas restantes para este webinar”. Usado para eventos, cursos e serviços, cria escassez artificial.
- Edições Limitadas: Produtos que não estarão disponíveis novamente no futuro.
Essas táticas, quando usadas de forma autêntica e ética, são extremamente eficazes porque acionam uma resposta instintiva para agir agora e evitar o arrependimento futuro de ter perdido uma boa oportunidade.
Gatilhos Mentais Essenciais para a Otimização de Conversão
Enquanto os vieses cognitivos são atalhos subconscientes, os gatilhos mentais são estímulos deliberados projetados para influenciar uma decisão. Eles se baseiam nos princípios da psicologia da persuasão, amplamente estudados por pesquisadores como Robert Cialdini. Integrar esses gatilhos em suas páginas e funis de venda é fundamental para uma estratégia de Otimização de Conversão bem-sucedida.
Prova Social: A Influência da Multidão
O princípio da prova social afirma que, em momentos de incerteza, tendemos a olhar para o comportamento dos outros para guiar nossas próprias ações. Se muitas pessoas estão fazendo algo, presumimos que seja a coisa certa a fazer. No ambiente anônimo da internet, onde a confiança é um bem escasso, a prova social é talvez o gatilho mais poderoso de todos.
Existem várias formas de implementar a prova social, cada uma adequada a um contexto diferente:
- Depoimentos e Avaliações: A forma mais direta. Depoimentos de clientes com nome, foto e, se possível, empresa ou cargo, são extremamente persuasivos. Avaliações com estrelas (star ratings) são um atalho visual instantâneo para a qualidade percebida.
- Estudos de Caso: Narrativas detalhadas que mostram como um cliente resolveu um problema específico usando seu produto ou serviço. São particularmente eficazes em B2B.
- Números e Estatísticas: “Mais de 50.000 clientes satisfeitos”, “Baixado por 1 milhão de usuários”. Grandes números validam a popularidade e reduzem o risco percebido.
- Menções na Mídia: Exibir logotipos de veículos de imprensa ou empresas conhecidas que mencionaram ou usam sua marca (“Como visto em…”) empresta credibilidade por associação.
- Prova Social em Tempo Real: Notificações como “João de São Paulo acabou de comprar este item” criam um senso de atividade e popularidade, combinando prova social com FOMO.
Reciprocidade: O Princípio do “Dar para Receber”
A reciprocidade é a norma social que nos faz sentir compelidos a retribuir um favor ou um presente. Quando alguém nos dá algo de valor, sentimos uma dívida psicológica para dar algo em troca. No marketing, isso se traduz em oferecer valor genuíno antes de pedir a conversão.
Essa estratégia é a espinha dorsal do Inbound Marketing e da geração de leads. Exemplos práticos incluem:
- Conteúdo Gratuito de Valor: E-books, guias, whitepapers, templates, planilhas e checklists que resolvem um problema real do seu público.
- Ferramentas Gratuitas: Calculadoras, analisadores de website, geradores de ideias.
- Webinars e Workshops: Oferecer conhecimento e treinamento gratuito estabelece autoridade e gera um sentimento de reciprocidade.
- Amostras Grátis ou Períodos de Teste (Free Trials): Permitir que o usuário experimente o produto sem risco é uma forma poderosa de gerar reciprocidade e demonstrar valor.
A chave para uma reciprocidade eficaz é que a oferta inicial seja percebida como altruísta e de alto valor. Se parecer apenas um truque para capturar um e-mail, o efeito é drasticamente reduzido. A meta é criar um genuíno “muito obrigado” na mente do usuário, tornando-o muito mais propenso a converter quando a oferta for feita.
Autoridade: Construindo Confiança e Credibilidade
As pessoas tendem a obedecer e confiar em figuras de autoridade ou especialistas. Desde a infância, somos condicionados a seguir as orientações de pais, professores e médicos. No mundo digital, onde qualquer um pode criar um site, estabelecer autoridade é crucial para superar o ceticismo do consumidor.
A autoridade pode ser construída e comunicada de várias maneiras:
- Credenciais e Certificações: Exibir selos, prêmios, certificações do setor e afiliações a organizações respeitadas.
- Conteúdo Especializado: Publicar artigos de blog aprofundados, pesquisas originais, whitepapers e dar palestras em eventos do setor. O marketing de conteúdo é uma ferramenta primária para construir autoridade.
- Endossos de Especialistas: Um depoimento de uma figura conhecida e respeitada em seu nicho pode valer mais do que dezenas de depoimentos de clientes comuns.
- Design Profissional e Sem Erros: Um site com design polido, textos bem escritos e sem erros de gramática ou bugs transmite profissionalismo e, por extensão, autoridade.
- Transparência e Dados: Apresentar dados claros, ser transparente sobre preços e processos também constrói uma forma de autoridade baseada na honestidade e na expertise.
A percepção de autoridade reduz o risco percebido na mente do comprador, tornando-o mais confiante para tomar a decisão de converter.
O Design da Persuasão: Aplicando a Psicologia ao UX/UI
O design de interface de usuário (UI) e a experiência do usuário (UX) não são apenas sobre estética; são sobre comunicação e persuasão. Cada elemento visual em uma página — cores, fontes, imagens, espaçamento — envia sinais subconscientes que influenciam o comportamento do usuário. Uma Otimização de Conversão eficaz depende da aplicação deliberada de princípios psicológicos ao design.
A Psicologia das Cores e seu Impacto nas Emoções
As cores evocam emoções e associações culturais profundas. Embora a percepção da cor possa variar entre culturas e indivíduos, existem algumas associações amplamente aceitas no contexto ocidental que podem ser usadas para guiar o design:
- Azul: Frequentemente associado à confiança, segurança, calma e profissionalismo. É por isso que é amplamente utilizado por bancos, empresas de tecnologia e corporações.
- Vermelho: Evoca urgência, paixão, excitação e perigo. É eficaz para botões de CTA (“Compre Agora”), promoções de liquidação e para chamar a atenção para um elemento específico.
- Verde: Associado à natureza, saúde, tranquilidade e, no contexto digital, a ações de sucesso ou permissão (“Ir”, “Sucesso”). É frequentemente usado para botões de confirmação e em marcas ligadas à sustentabilidade.
- Laranja e Amarelo: Cores quentes e otimistas que transmitem energia e chamam a atenção. São ótimas para CTAs que precisam se destacar sem a agressividade do vermelho.
- Preto: Significa luxo, sofisticação, poder e elegância. Comumente usado por marcas de moda e produtos de alto padrão.
Mais importante do que a cor individual é o contraste. O botão de conversão mais importante da sua página deve ter uma cor que se destaque nitidamente do resto do layout, criando um ponto focal claro para a ação desejada.
Hierarquia Visual e a Lei de Hick: Simplificando a Tomada de Decisão
A hierarquia visual é a organização de elementos de design para mostrar sua ordem de importância. O cérebro humano processa informações visuais de forma incrivelmente rápida, e uma hierarquia clara guia o olhar do usuário através da página de forma lógica, do elemento mais importante para o menos importante.
Isso se conecta diretamente à Lei de Hick, um princípio fundamental do UX que afirma que o tempo necessário para tomar uma decisão aumenta logaritmicamente com o número e a complexidade das escolhas. Em outras palavras, mais opções levam à paralisia da análise e a taxas de conversão mais baixas. Para uma visão aprofundada, o Nielsen Norman Group oferece análises detalhadas sobre a aplicação da Lei de Hick.
Para aplicar esses princípios na Otimização de Conversão:
- Reduza o Ruído: Elimine todos os elementos visuais e textuais que não contribuem diretamente para o objetivo da página. Menos é mais.
- Um Objetivo por Página: Cada landing page deve ter uma única ação principal desejada. Evite múltiplos CTAs competindo pela atenção.
- Use Tamanho e Peso: Títulos principais devem ser maiores e mais pesados que subtítulos, que por sua vez devem ser maiores que o corpo do texto. O CTA principal deve ser visualmente proeminente.
- Use o Espaço em Branco: O espaço negativo não é espaço desperdiçado. Ele ajuda a separar elementos, reduzir a carga cognitiva e focar a atenção nos itens importantes.
- Simplifique a Navegação e os Formulários: Limite o número de itens no menu de navegação. Peça apenas as informações absolutamente essenciais em um formulário.
O Poder das Imagens e o Contato Visual Direto
O cérebro processa imagens 60.000 vezes mais rápido do que texto. Imagens de alta qualidade que evocam emoção e demonstram o produto em contexto são cruciais para a conversão. Um fenômeno particularmente poderoso é o uso de rostos humanos. Somos programados para notar e nos conectar com outros rostos.
Estudos de rastreamento ocular (eye-tracking) mostram consistentemente que as imagens de pessoas atraem a atenção do usuário. Além disso, a direção do olhar da pessoa na imagem pode ser usada para guiar a atenção do usuário. Se a pessoa na foto está olhando para o seu formulário ou para o seu botão de CTA, o usuário é mais propenso a olhar para lá também. O contato visual direto (a pessoa na foto olhando para a câmera/usuário) pode criar uma conexão mais forte e aumentar a confiança.
Análise de Tendência para 2026: A Evolução da Persuasão Ética
O campo da Otimização de Conversão está em constante evolução, e as projeções para 2026 apontam para uma sofisticação ainda maior na aplicação da psicologia, mas com uma ênfase crescente na ética e na personalização. A era dos “truques” e dos “dark patterns” (padrões de design manipulativos) está sendo substituída por uma abordagem que busca construir relacionamentos de longo prazo baseados na confiança.
A hiper-personalização, impulsionada por Inteligência Artificial (IA) e Machine Learning, será a norma. As plataformas serão capazes de analisar o comportamento do usuário em tempo real para adaptar a experiência dinamicamente. Isso significa que os gatilhos psicológicos não serão mais aplicados de forma genérica. Um sistema de IA poderá identificar se um usuário responde melhor à prova social (mostrando mais depoimentos) ou à escassez (destacando a baixa disponibilidade de um item). A experiência será customizada para o perfil psicológico de cada visitante, tornando a persuasão muito mais eficaz.
No entanto, essa capacidade traz consigo enormes responsabilidades. A privacidade de dados, regida por leis como a LGPD no Brasil e a GDPR na Europa, será um pilar central. Uma estratégia de Otimização de Conversão bem-sucedida em 2026 será aquela que equilibra personalização com transparência. As empresas precisarão ser claras sobre quais dados estão coletando e como os utilizam para melhorar a experiência, obtendo consentimento explícito. O uso ético dos dados não será apenas uma obrigação legal, mas um diferencial competitivo que constrói a confiança da marca.
Outra tendência é a democratização de ferramentas de neuromarketing. Tecnologias como eye-tracking, análise de expressão facial e até mesmo eletroencefalogramas (EEG), que antes eram restritas a grandes laboratórios de pesquisa, se tornarão mais acessíveis. Pequenas e médias empresas poderão usar esses insights para validar hipóteses sobre como seus designs e mensagens realmente impactam o cérebro do consumidor em um nível subconsciente, indo além do que os testes A/B tradicionais podem revelar.
Estudo de Caso Prático: Aumentando a Geração de Leads em um SaaS B2B
Vamos analisar um cenário prático para ilustrar como esses princípios se unem para gerar resultados tangíveis.
Cenário: Uma empresa fictícia chamada “FinanTechPro” oferece um software de gestão financeira para pequenas e médias empresas. Sua principal landing page, que oferece uma demonstração gratuita, tinha uma taxa de conversão estagnada em 1.5%, muito abaixo da média do setor.
Diagnóstico Inicial: Uma análise heurística da página revelou vários problemas baseados em princípios psicológicos. A proposta de valor não era clara e imediata. Havia uma total ausência de prova social. O formulário de solicitação de demo era longo e intimidante, com 8 campos obrigatórios, incluindo telefone e CNPJ. O design era genérico e não transmitia autoridade.
Hipótese Principal: Os visitantes não estavam convertendo devido a uma combinação de alta carga cognitiva (formulário complexo), falta de confiança (ausência de autoridade e prova social) e uma proposta de valor fraca que não gerava urgência.
Plano de Ação e Intervenções Psicológicas (realizado via testes A/B):
- Reforço de Autoridade e Prova Social: Na versão B da página, uma seção “Confiam em nós” foi adicionada logo abaixo da dobra principal, exibindo os logotipos de 5 clientes conhecidos. Mais abaixo, um bloco de depoimentos foi inserido, com fotos, nomes e cargos de diretores financeiros que usavam o software. Um contador dinâmico foi adicionado perto do CTA principal: “Junte-se a mais de 5.000 empresas que otimizam suas finanças”. Isso atacou diretamente a incerteza do visitante.
- Aplicação de Aversão à Perda e Enquadramento: O CTA original era um genérico “Solicite sua Demo”. Foi testado contra uma nova versão com um enquadramento mais benéfico e urgente: “Agende sua análise financeira gratuita”. A nova chamada sugeria um ganho imediato (análise gratuita) em vez de um compromisso (demo), e a palavra “agende” soa mais profissional e menos como uma venda direta.
- Redução da Carga Cognitiva (Lei de Hick): O formulário de 8 campos foi completamente redesenhado. Na página principal, apenas 3 campos foram mantidos: Nome, E-mail corporativo e Nome da Empresa. Os campos adicionais, como telefone e número de funcionários, foram movidos para uma segunda página de “agradecimento”, como parte de um processo de onboarding progressivo. Isso reduziu drasticamente o atrito inicial.
- Viés de Ancoragem na Proposta de Valor: O título principal foi reescrito. O original era “Software de Gestão Financeira”. O novo era “Economize até 20 horas por semana em tarefas manuais. Veja como em 15 minutos.” A nova versão ancora o valor em um benefício extremamente concreto (economia de tempo) e define uma expectativa clara e baixa de compromisso (15 minutos).
Resultados: Após 60 dias de testes, a nova versão da página (Variante B) demonstrou um aumento consistente e estatisticamente significativo na taxa de conversão, saltando de 1.5% para 4.2% — um aumento de 180%. Além disso, a equipe de vendas relatou que os leads gerados pela nova página estavam mais qualificados, pois a proposta de valor mais clara atraiu o público certo. Este caso demonstra como uma abordagem metódica de Otimização de Conversão, fundamentada em princípios psicológicos, pode produzir resultados de negócio extraordinários.
Transforme Entendimento em Ação Estratégica
A jornada pela psicologia aplicada à Otimização de Conversão revela uma verdade fundamental: não estamos otimizando websites, estamos otimizando para pessoas. Cada princípio, viés e gatilho discutido é uma janela para a complexa e fascinante natureza do processo decisório humano. Ignorar esses fatores é deixar o potencial de crescimento do seu negócio digital ao acaso.
No entanto, o conhecimento por si só não gera resultados. A aplicação prática, metódica e, acima de tudo, ética desses conceitos é o que separa os líderes de mercado dos demais. É crucial lembrar que o objetivo final não é manipular, mas sim entender e atender melhor às necessidades do seu cliente, criando experiências que sejam mais claras, fáceis e confiáveis. A melhor persuasão é aquela que ajuda o cliente a tomar uma decisão que ele já queria tomar.
O campo está sempre mudando, e o que funciona hoje pode precisar de ajustes amanhã. A única constante é a necessidade de testar, medir e aprender continuamente. Cada teste A/B, cada análise de mapa de calor e cada entrevista com usuário é uma oportunidade de refinar sua compreensão sobre seu público e, consequentemente, seus resultados.
Está pronto para aplicar estes princípios e desbloquear o verdadeiro potencial do seu negócio? Entre em contato com nossos especialistas e descubra como uma estratégia de Otimização de Conversão baseada em dados e psicologia pode revolucionar seus resultados em 2026.
Redação e revisão: Equipe Zaiou Deals
